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segunda-feira, 20 de dezembro de 2010
sábado, 18 de dezembro de 2010
Homossexualidade e perversão
Durante muito tempo a homossexualidade foi entendida como uma perversão do ponto de vista da psicanálise, e talvez ainda hoje alguns teóricos tenham essa visão. Mas isso ainda é uma interpretação da lógica freudiana baseada na noção pênis com vagina contida nos “Três ensaios da sexualidade” – uma visão no mínio discutível.
Se olharmos a própria lógica dos conceitos psicanalíticos veremos que na formação do superego reside uma diferença fundamental entre esses conceitos – a dinâmica superegoica nas perversões é muito diferente que na homossexualidade. Por sua vez, não se pode apontar uma diferença dinâmica entre a homossexualidade e a heterossexualidade no que tange ao superego.
Freud coloca no seu artigo “A negação” que diferente do funcionamento neurótico, cujo mecanismo de defesa do ego básico é a repressão, na perversão é o mecanismo da “denegação” que a caracteriza. Ambos os mecanismos operariam na base dos Complexos de Édipo e Castração.
Donald Meltzer no seu brilhante “Estados sexuais da mente” nos dá uma interpretação um pouco mais ampla desses mecanismos perversos e nos diz que eles agem na base do “como se”. Baseado em uma interpretação bioniana do Complexo de Édipo onde o imperativo seria a mentira, e não a questão da Castração (no caso dos meninos), ele nos fala de uma parte da personalidade que funciona “como se” a realidade não existisse.
Isso em si não pode ser ligado a homossexualidade – não tem nem o menor sentido, a não ser se colocarmos como regra da vida o pênis com a vagina e tratarmos todo o mais como uma aberração, esquecendo um outro conceito da psicanálise – que o homem é um ser de desejos e não de instintos.
O perverso mata, “come criancinhas”, como se nada disso tivesse conseqüências danosas aos envolvidos. Não existe culpa, pois esses mecanismos agem muito antes da formação do superego. Logo, a Le i não pode ser inscrita no superego.
Na homossexualidade ao contrário, não existe esse mecanismo. Sabe-se que existem homem e mulheres, sabe-se a diferença entre eles, sabe-se da Lei e sabe-se que o desejo é por alguém do mesmo sexo. O que muitas vezes o que existe é o contrário do que um certo credo psicanalítico propaga – como o desejo é contrário as expectativas da sociedade, se advêm um forte sentimento de culpa, as vezes de inadequação – com certeza não é fácil “sair do armário”. Esse próprio sentimento denuncia que a homossexualidade não tem nada a ver com a perversão. E é esse mesmo sentimento que coloca homossexuais e heterossexuais sobre a mesma estrutura de funcionamento superegóico.
Portanto do ponto de vista da própria psicanálise só se pode colocar homossexualidade e perversão sobre o mesmo teto se tiver em mente que o valor absoluto seja pênis com vagina. Estruturas perversas podem estar presentes independente da orientação sexual – basta olhar os presídios e manicômios para se atestar essa obviedade.
Por Ale Esclapes
Para mais artigos e outras informações visite a Escola Paulista de Psicanálise
Se olharmos a própria lógica dos conceitos psicanalíticos veremos que na formação do superego reside uma diferença fundamental entre esses conceitos – a dinâmica superegoica nas perversões é muito diferente que na homossexualidade. Por sua vez, não se pode apontar uma diferença dinâmica entre a homossexualidade e a heterossexualidade no que tange ao superego.
Freud coloca no seu artigo “A negação” que diferente do funcionamento neurótico, cujo mecanismo de defesa do ego básico é a repressão, na perversão é o mecanismo da “denegação” que a caracteriza. Ambos os mecanismos operariam na base dos Complexos de Édipo e Castração.
Donald Meltzer no seu brilhante “Estados sexuais da mente” nos dá uma interpretação um pouco mais ampla desses mecanismos perversos e nos diz que eles agem na base do “como se”. Baseado em uma interpretação bioniana do Complexo de Édipo onde o imperativo seria a mentira, e não a questão da Castração (no caso dos meninos), ele nos fala de uma parte da personalidade que funciona “como se” a realidade não existisse.
Isso em si não pode ser ligado a homossexualidade – não tem nem o menor sentido, a não ser se colocarmos como regra da vida o pênis com a vagina e tratarmos todo o mais como uma aberração, esquecendo um outro conceito da psicanálise – que o homem é um ser de desejos e não de instintos.
O perverso mata, “come criancinhas”, como se nada disso tivesse conseqüências danosas aos envolvidos. Não existe culpa, pois esses mecanismos agem muito antes da formação do superego. Logo, a Le i não pode ser inscrita no superego.
Na homossexualidade ao contrário, não existe esse mecanismo. Sabe-se que existem homem e mulheres, sabe-se a diferença entre eles, sabe-se da Lei e sabe-se que o desejo é por alguém do mesmo sexo. O que muitas vezes o que existe é o contrário do que um certo credo psicanalítico propaga – como o desejo é contrário as expectativas da sociedade, se advêm um forte sentimento de culpa, as vezes de inadequação – com certeza não é fácil “sair do armário”. Esse próprio sentimento denuncia que a homossexualidade não tem nada a ver com a perversão. E é esse mesmo sentimento que coloca homossexuais e heterossexuais sobre a mesma estrutura de funcionamento superegóico.
Portanto do ponto de vista da própria psicanálise só se pode colocar homossexualidade e perversão sobre o mesmo teto se tiver em mente que o valor absoluto seja pênis com vagina. Estruturas perversas podem estar presentes independente da orientação sexual – basta olhar os presídios e manicômios para se atestar essa obviedade.
Por Ale Esclapes
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